21 outubro 2005

SIM OU NÃO AO ABORTO


Vem agora o Governo do Eng. Sócrates dizer que talvez venha a alterar a Lei, relativa à interrupção voluntária da gravidez, mesmo sem novo referendo. O Primeiro-Ministro, vê-se pressionado pelo seu próprio partido a tomar essa medida, assim como dos partidos mais à esquerda.
O facto, de o Ministro da Saúde, Correia de Campos, decidir integrar a interrupção voluntária da gravidez na lista das cirurgias prioritárias, o que obriga os hospitais a darem resposta aos pedidos em duas semanas, já foi um primeiro sinal que o PS quis dar. Para mim a vida humana é inviolável. Em caso algum haverá “pena de morte”, assim dispõe o artigo 24.º (Direito à Vida) da Constituição da República Portuguesa. A inviolabilidade da vida humana é acima de tudo uma questão de direito natural e aí se alicerça a dignidade da pessoa humana inerente a cada um desde o momento da concepção.
Se me perguntarem, a frio, se entendo que uma mulher deva ser condenada por abortar, claro que responderia que não. Mas a vida não é assim tão simples.
Se me perguntarem, em referendo se «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas 10 primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?», também responderei NÃO.
Entendo que as excepções que existem já na Lei vigente são suficientes.
A Madre Teresa de Calctutá, diz-nos que “Ninguém tem o direito de matar um ser humano que vai nascer: nem o pai, nem a mãe, nem o estado, nem o médico. Ninguém. Nunca, jamais, em nenhum caso. Se todo o dinheiro que se gasta para matar fosse gasto em fazer que as pessoas vivessem, todos os seres humanos vivos e os que vêm ao mundo viveriam muito bem e muito felizes. Um país que permite o aborto é um país muito pobre, porque tem medo de uma criança, e o medo é sempre uma grande pobreza."
Também, o filósofo Julián Marías, discípulo de Ortega y Gasset, e autor de mais de meia centena de livros, não vacila em condenar energicamente o aborto, que considera "o máximo desprezo pela vida humana em toda a história conhecida".
Tais ideias de alterar a Lei da IVG, só poderão pertencer aos partidários da denominada “esquerda”, que sempre desprezaram o valor da vida, sempre foram aliados de uma cultura de morte. Para a esquerda, em vez de tornar as pessoas mais responsáveis, a solução para os problemas, é sempre pela via mais fácil, para não dar trabalho nem despesas. Se se tem muitos processos em tribunal por cheques sem provisão, despenalize-se, se se tem amontoados processos por passar nas portagens, despenalize-se, se se engravidou e não se quer ter o filho, mate-se.
Sei que nenhuma mulher aborta por livre vontade, nem nunca pode ser vista como uma criminosa. Mas as pessoas têm de passar a ser mais responsáveis. A maior “desculpa” dos defensores do sim, são a falta de meios de subsistência, mas se não têm meios para criar uma criança, porque não tomar mais precauções. Hoje de uma forma tão acessível existem formas de adquirir os meios contraceptivos. Uma caixa de pílulas ou de preservativos não é assim tão caro. Mais dispendioso será talvez uma caixa de cigarros. Têm de se investir mais, na educação sexual nas escolas, preparar os nossos jovens, que segundo estatísticas, são dos que mais afirmam que não tomam qualquer tipo de cuidados nas relações sexuais, e não falo só em termos de se alertar por causa das gravidezes inesperadas ou indesejadas, mas também por causa das doenças como a Sida e outras sexualmente transmissíveis. E não é só um problema dos jovens, porque nesta cultura típica mediterrânea, do “só acontece aos outros”, urge consciencializar também os adultos.
O sexo é algo natural e bom, e não quero descobrir no nosso país o mesmo se veio a concluir, segundo e estudo e revelado recentemente num nosso jornal diário, que a abstinência sexual entre os jovens norte-americanos era maior cada vez maior, mas em resultado disso “compensavam” os seus actos de amor, em sexo oral. Porém, foi mais fruto de uma educação sexual puritana e retrógrada, que incutiu na cabeça das jovens que deveriam “chegar” virgens aos casamentos. Ao invés das pessoas voltarem suas energias para situações e coisas salutares e naturais, as proibições e as restrições acabam canalizando energias vitais para outros lugares, como estes. Porque aqui a questão era mais de fanatismo do que preocupação verdadeira com as gravidezes prematuras, indesejadas ou doenças sexuais.
Sou católico por educação e por convicção, mas entendo que o sexo não serve apenas para procriar, é também uma necessidade física, mas sobretudo é um acto de amor. E se uma criança resulta de um acto de amor, como se pode pensar em matá-la. Será que também já pensaram nos milhares de mulheres que dariam tudo para serem mães, e não conseguem? A infelicidade por que passam? Cultive-se o valor da vida e não o da morte.