17 janeiro 2006

QUASE UM POEMA DE AMOR



Quase um poema de amor

Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baçaBebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coraçãoNum íntimo pudor,
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor
Miguel Torga