06 fevereiro 2006

GIORGIO BAFFO



Hoje quando foi visitar a minha mãe, estava a procurar na minha alguns livros na minha biblioteca, para ler nos meus serões na minha casa. Deparei com um livro de “Sonetos Eróticos”, deste italiano quase contemporâneo do nosso grande Bocage. Estes grandes poetas, ousados para a sua época arriscaram serem atrevidos e com grande naturalidade escrever sobre o sexo. Rápidamente" devorei o livro, e em sua homenagem transcrevo, dois dos sonetos que achei mais ousados.

Qu’rida racha, no meio de duas colunas,
ali metida estás, qual capitel,
por cúpula tens duas grandes bundas,
e o olho do cu por cima é o teu céu.
P’ra que venha adorar-te toda a gente
coberta ficas sob um branco véu,
que quando alguém te eleva e apresenta
tomba no teu altar todo o pincel.
O sacro bosque pareces de Diana,
tendo por entrada uns bigodões
conduzindo ao maná que enche a tua arca.
P’ra milagres não esperas ocasiões
pois que da tua nascente jorra uma água
que aos mortos dá vida e força aos colhões.

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É na verdade a cona um bom pitéu
e creio que não desagrada a ninguém,
quem lhe torce o nariz não entendo eu,
embora ela não cheire nada bem.
Mas ai, que o olho do cu também é gente,
que é uma boa traseira da mansão,
e se alguém o beijar, é mais que assente
que nunca mais lhe perde a devoção.

Buracos são os dois, e não tem jeito
só a um dar o primado. Já se sabe
que não é de gabar dos dois o cheiro;
mas cá por mim, p´ra dizer a verdade,
creio que o olho do cu dá mais proveito:
está mais fresco o pau, mais apertado.