13 abril 2005

Orgasmos electrónicos marcarão o amanhã



Desfolhando virtulamente as páginas dos jornais como faço diáriamente, dei com um artigo que considerei interessante face à sua actualidade. Não se surpreendam, quem me conhece sabe que sou muito versátil, ora posso tar a escrever sobre sexo, sobre política, sobre actualidades, sobre cultura. Aliás tenho sempre um olhar atento sobre o mundo, por isso ....

"Orgasmos electrónicos marcarão o amanhã
As pessoas estão cada vez mais curiosas sobre sexo. Enquanto alguns procuram a ajuda em práticas milenares, aparecem novos aparelhos sexuais e adeptos do sexo virtual. Que amantes seremos no futuro?A curiosidade aumenta e há cada vez mais abertura na sociedade para matérias relacionadas com o sexo. A indústria pornográfica cresce a olhos vistos e vão-se inventando aparelhos tão surpreendentes como uma máquina de orgasmos para mulheres. Há cada vez mais pessoas em busca das maravilhas do sexo tântrico, uma antiga prática oriental, enquanto outros preferem masturbar-se ao mesmo tempo que observam e falam com desconhecidos em tempo real através da internet. Mas para onde caminhamos?“Tenho uma visão do futuro em que toda a educação sexual estará ao dispor de todos; (...) Será possível fazer amor em qualquer lugar em público e não será falta de respeito assistir”. O trecho é retirado de um livro escrito pela norte-americana Annie Sprinkle, antiga prostituta e actriz porno, conhecida como “a prostituta multimédia”. Famosa por levar aos limites a sua luta contra as restrições socioculturais ao sexo, Sprinkle transformou-se para muitos numa deusa da libertação sexual. A americana esteve na semana passada no Porto, onde participou numa mesa, redonda do 4º Congresso Internacional Espaço T, sob o tema ‘Sexo, Arte e Terapia’, onde contou a sua experiência e falou ao CM. “Sou uma artista que trabalha com o sexo e que tem a intenção de que ele seja terapêutico.”O percurso de Annie Sprinkle surpreende pela forma natural como o mito explodiu numa rapariga perfeitamente normal. Nascida Ellen Steinburg, numa família média de Filadélfia, em 1956, perdeu a virgindade aos 17 anos, como tantas outras raparigas. “Foi uma experiência maravilhosa. Gostei tanto que, aos 18, já trabalhava como prostituta e fazia filmes pornográficos”. Daí em diante, travou uma luta constante contra os preconceitos, ao promover e participar em iniciativas públicas em nome da desmistificação do sexo. As mais célebres terão sido as suas actuações em palco, em que se masturbava até ao orgasmo diante de uma plateia que ia marcando o compasso com sons animalescos. “Foi muito terapêutico”, recorda.Não é certo, no entanto, que se esteja a caminhar para o mundo do sexo livre idealizado por Sprinkle. Para o psicólogo especialista em sexualidade Nuno Nodin, é possível mesmo que ao actual período, de maior abertura em relação aos assuntos do sexo, se siga uma regressão. “Toda a história foi feita em termos de momentos altos de abertura, como no Renascimento, e momentos baixos de repressão, como na Idade Média. Isto é cíclico ao longo da história, e necessariamente haverá um processo de retrocesso algures no futuro, que não sabemos quando será”, explicou ao CM.
VIRTUALMENTE TARADOS
O computador pessoal e a internet de alta velocidade em casa são utensílios cada vez mais vulgares nos lares de todo o mundo. Os internautas estão ainda a descobrir e aprender a lidar com o novo tipo de identidade que lhes permite existir num mundo virtual. Desejos e fantasias expressam-se de forma explícita e, ao mesmo tempo, sigilosa, pelos caminhos da ‘net’, desencadeando uma nova mania: o vício pelo sexo virtual. De acordo com as estatísticas, só nos Estados Unidos, há hoje mais de dois milhões de pessoas viciadas em sexo virtual. Os maníacos, que chegam a navegar entre 15 a 20 horas por semana nos 'sites' de sexo, viajam num mundo de luxúria que muitas vezes se concretiza fisicamente com o auxílio da masturbação. "O que acaba por acontecer é que os relacionamentos pré-existentes tornam-se tão frágeis que muitos casamentos e relações estáveis acabam se desfazendo", nota o psicoterapeuta brasileiro Cássio dos Reis, num artigo de opinião publicado no 'site' Guia Sexual (www.guiasexual.com.br). "São homens e mulheres que vivem as próprias fantasias sexuais através de imagens e simulações que levam a uma excitação tamanha que as torna sexualmente satisfeitas, eliminando assim, a sensação da necessidade real do contacto sexual", explica. Para o especialista, o sexo virtual, quando vivido de forma sistemática, pode ter como consequência a destruição de relacionamentos e carreiras profissionais, uma vez que o foco do desejo fica centrado na virtualidade do prazer sexual, contribuindo para um isolamento perigoso e doentio.
Rodrigo de Matos in Correio da Manhã