31 maio 2005

JORGE SAMPAIO E AS ESTRADAS



Jorge Sampaio, depois de uma presidência temática, dedicada a sinistralidade rodoviária, afirmou que “… não vale a pena arranjarmos bodes expiatórios. Há em Portugal uma verdadeira cultura de agressividade, egoísmo, incumprimento das leis e do Código, a que se junta um sentimento de impunidade. A culpa é sempre dos outros.”
O PR declarou também que deviam existir mais carros descaracterizados nas estradas. Mas que espécie de Estado se está a criar. Parece pior que no tempo da Ditadura. As forças policiais antes de tudo deve ter um efeito persuasor e não punitivo.
É verdade que os condutores são os maiores culpados da enormidade estúpida de acidentes que são contabilizados, todos os dias, nas nossas estradas, mais que por falta de atenção ou excesso de velocidade, mas sim por agressividade ou egoísmo.
Mas o Estado não deixa de ter a sua quota-parte de culpa, mas nunca assume também a sua culpa, com as estradas mal construídas, não só as nacionais e municipais, mas também nas auto-estradas que não são nada baratas.
Foi recentemente alterado o Código da Estrada, mas se olharmos bem, no essencial o que foi alterado foram as medidas punitivas. Os governantes optam sempre pela via mais fácil, mas como vivem sentados à décadas nas cadeiras da Assembleia, não têm percepção do que é a vida prática. Punir sim, mas primeiro criar condições. Depois certas regras estão desadequadas da realidade e outras medidas mais que para segurança, mais parece que servem para ajudar certos interesses comerciais.
Vamos para os exemplos.
1º. - Agravou-se as multas por estacionamento, mas não são criados mais parques de estacionamento e os que são criados cobram preços exorbitantes. Não são melhoradas as ligações de transportes públicos, para que as pessoas deixem os carros em casa.
2º. – Hoje a vida, sobretudo a profissional, exige cada vez mais a que se ande a ritmos alucinantes e depois também hoje o parque automóvel está muito melhor. Quanto aos limites da velocidade nas localidades estou de acordo, mas nas auto-estradas o limite deveria ser alterado para 140 km/hr.
3º. – Quanto aos coletes estou de acordo, quanto ao seu uso, mas obrigar os miúdos a usar até aos 12 anos cadeiras especiais, já não opino do mesmo. Mas mais parece um negócio. Só em relação aos coletes, vinha num jornal que o Grupo Continente em poucos dias tinha amealhado milhares de euros. E depois não querem que nós não estejamos sempre desconfiados do compadrio entre o poder político e certos agentes económicos.