02 abril 2005

Algo que escrevi quase à uma década

Tenho sentido nos últimos dias uma grande vontade de apagar parte do passado (sei que isso é impossível). Desde a mudança de século e milénio tenho vivido os piores anos da minha vida. Ontem comecei por apagar a maioria dos números de telefone que tinha guardados no meu telemóvel. Hoje acordei muito cedo, com uma vontade enorme de reorganizar a minha biblioteca. De tarde decidi verificar o que tinha ocupando a já saturada memória quer do meu PC quer do meu portátil. Tinha lá tanta coisa que não recordava, porque a maioria do que vou armazenado no computador são os meus processos, mas senão quando encontrei uma "espécie" de poema que escrevi tem cerca de oito anos. Só para o recordar o publico, espero que a quem foi dedicado ainda se lembre.

BRUTO


Uma palmada no rabo te prometi
e logo por instinto,
em teu braço te bati.

De bruto me acusaste,
mas tal acusação refutei
e logo te zangaste.

P’ra entre muralhas partimos,
e ainda mais nos avimos,
por tal “acusação” eu não aceitar.

Depois à mesa,
entre o saboreio do néctar das gingas,
nossa “discussão” continuamos.

Desculpas por te ter aleijado não te pedi
mas agora e aqui
desculpas te peço,
convicto de que bruto, animal, besta,
brutal, brutesco, cruel, não fui,
uma vez que para mim agir, com brutalidade,
alarvaria, bestialidade, bestice, bestidade,
pressupõe agir com intenção.


Convicto espero, que meu conceito
de brutalidade e bruto compreendas,
esperando apenas
não te ver mais zangada,
minha doce e bela amada.