17 abril 2005

Leonardo Boff



Em declaração ao diário francês "Libération” e publicado no Jornal de Notícias por Nuno Martins (correspondente da France Press), afirma o brasileiro Leonardo Boff, teólogo e um dos principais ideólogos da Teologia da Libertação, que «… João Paulo II demonstrou "abertura" face às outras religiões, mas foi igualmente um "conservador" num pontificado marcado pela "arrogância e pelo fundamentalismo doutrinal" …».
Boff, lamenta que João Paulo II tenha «… posto em movimento uma contra-reforma da Igreja, vendo no processo de modernização pela qual esta passou a partir dos anos 60 uma ameaça à identidade católica …» pelo qual «… operou um regresso à disciplina, criando um catecismo universal - o mesmo que dizer de pensamento único - e interditando toda a liberdade teológica …», punindo 140 teólogos, entre os quais está incluído.De facto, João Paulo II, aproximou o catolicismo às outras religiões, mas também foi o Papa, que na História chamou mais milhões de jovens à Igreja, apesar do seu pensar acerca de temas como o aborto, o preservativo, contracepção, a homossexualidade, etc..
Isto não quererá dizer alguma coisa? Não nos fará isto pensar um pouco? Não será o princípio de uma mudança geracional depois da “grande liberdade” dos anos sessenta? A mudança de um novo ciclo?
Se a Igreja Católica (como qualquer outra religião) se rege por uma dogma, que se baseia no seu livro sagrado – A Bíblia – segundo o qual a relação entre o homem e a mulher é de jura de fidelidade eterna e em que o sexo entre os mesmos, será para procriação, ora, num pensamento mais breve e por esta lógica de ideias, não haverá o perigo de contágio de doenças como a sida.
Sendo nós seres humanos, somos passíveis de pecar, em que a sua maioria, nas sociedades modernas, trocam de parceiro, como se troca de roupa e nos países sub-desenvolvidos por falta de condições de higiene ou por tradições tribais a troca de parceiros também é grande, os números de infectados de Sida (HIV), não para de aumentar. Compreendo que a sociedade espere-se que a Igreja tivesse uma abertura nesse tema, mas se ela, ao reconhecer algo que vai contra os seus dogmas, perderá a sua credibilidade. Não a podemos comparar ao Governo dum país e aos partidos políticos, que se “adaptam” às suas sociedades, consoante as suas conveniências políticas ou eleitorais.
Assim, se somos católicos, se pecarmos estamos condenados a prestar contas a Deus, na hora do Juízo Final. É o mesmo que conduzir um carro acima dos limites permitidos por Lei. Se o fizermos estamos sujeitos a ser condenados.