13 junho 2005

MORREU UM “MITO”



Hoje faleceu o “patriarca” dos comunistas portugueses. Para uns um homem de uma verticalidade inabalável, fiel às suas convicções para outros um obstinado do comunismo.
Sem dúvida Cunhal foi de uma ortodoxia a toda a prova veiculando sempre a sua crença em novos amanhãs que cantam para a classe operária e para os trabalhadores e dando a ideia de que preferia que o PCP reduzisse a sua base eleitoral sem transigir nos princípios do que aumentasse a sua influência mas diluindo a sua orientação ideológica. Esteve sempre ao lado da União Soviética, em episódios marcantes na história do movimento comunista internacional.
Mas segundo os seus opositores, essa convicção profunda e inabalável impediu-o de olhar a realidade com o distanciamento que a dinâmica da História exigia. Álvaro Barreirinhas Cunhal era verdadeiramente um espírito superior. Foi o escritor Manuel Tiago, cujo livro mais conhecido é o «Até amanhã, camaradas», foi pintor, traduziu o «Rei Lear», de Shakespeare, quando esteve preso, demonstrava uma formação cultural abrangente e invulgar.
Tinha um ascendente natural sobre os que o rodeavam, infundia respeito e admiração aos seus seguidores, temor aos seus adversários. Foi por tudo isso que Maria João Avillez escreveu um dia que ele era um príncipe da Renascença e hoje Zita Seabra o denominou como um “sedutor”.