14 junho 2005

"OS LIVROS-TESTEMUNHO COM SEXO EXPLÍCITO TÊM VENDA GARANTIDA"


A vez de Carla
Será preciso fazer sexo com dois clientes para escrever um livro sobre uma prostituta? Uma licenciada em Economia assume-o, assina páginas picantes e alimenta a confusão entre autora e personagem.
Ricardo Fonseca / VISÃO nº 638 26 Mai. 2005

No último ano foram Top de vendas nas nossas livrarias livros-testemunho ora que relatam experiências sexuais como prostitutas (Valérie Tasso – “Diário de uma ninfomaníaca”), ora como stripper (Leonor Sousa – “Até à mesma hora”), ou simplesmente da “vida normal” (Catherine Millet – “A vida sexual de Catherine M.”). Nas habituais visitas semanais à Fnac recentemente encontrei um novo título e nova referência encontrei na revista “Visão”. O livro chama-se “300 clientes habituais – 15 meses como prostituta” escrito por Carla de Almeida. Segundo a revista trata-se de o relato da experiência de uma amiga sua, inglesa, que devido a problemas financeiros, entre o suicídio e a droga optou pela via da prostituição para sobreviver.
Não é chamar a atenção se é uma forma fácil de vida ou se o tema é garantia para um lugar cimeiro no topo de venda de livros, mas o que me preocupa é o factor social que tudo isto envolve e nos passa um pouco ao lado e às vezes acontece bem no apartamento do nosso lado.
O recurso à vida da prostituição, não é exclusivo de mulheres que se encontram em situação económica difícil ou da imigração que tem vindo recentemente para o nosso país, mas nos últimos anos têm-se assistido a um factor novo no nosso país. São relatos verdadeiros de que raparigas, que quando saem das suas terras e vêm para Lisboa, Porto ou Coimbra para iniciar os seus estudos universitários, influenciadas por amigas ou não também entram nesse meio. Este é um factor que já existe à muito nos Estados Unidos da América e Canadá, mas mais em Bares de Strippe mas também algumas na prostituição. As primeiras o fazem por necessidade as segundas para manter luxos, porque à partida as suas estadias estão garantidas pelos país que trabalham que nem loucos, privando-se de muita coisa, para lhes poder dar um futuro melhor. Um factor comum, é que se habituam a uma forma fácil de ganhar dinehiro e dificilmente largam aquela vida.
Recordo-me ainda de um artigo muito bem elaborado e publicada na antiga “Sábado” sobre este tipo de prostituição, chamada de “Luxo”, onde se incluíam mulheres casadas, que mantinham uma vida dupla através de agências especiais.