20 setembro 2005

CONSTRUÇÃO CIVIL E A CRISE ECONÓMICA



Hoje vivemos uma crise económica e segundo notícias publicadas recentemente, o sector da construção é aquele que está a passar por maiores dificuldades.
Esta depressão económica não deriva só da situação da economia mundial mas no nosso país, principalmente por culpa da própria construção e por uma série de factores que lhe estão relacionados.
Nos finais dos anos noventa princípios desta era de dois mil, com e descida abrupta das taxas de juro, a procura de novas casas ou a moda da segunda habitação (porque o nosso país vive de modas), provocaram uma sobrevalorização louca não só dos preços da própria construção como também dos terrenos. Se culpa houve, foi dos próprios construtores, porque nesse tempo nem o preço da mão-de-obra ou dos materiais aumentaram.
O facto foi que nessa época, terrenos que eram colocados à venda pela quantia de cinco mil contos (falando na moeda antiga), acabavam por ser vendidos a quinze ou vinte mil contos, ou seja, duas ou três vezes mais que o devido valor, e digo isto, porque sei de casos que proprietários tinham a venda apalavrada por um determinado valor e em dias para não falar em horas logo aparecia um construtor concorrente como que a cobrir uma "aposta" e oferecia uns milhares acima do antes acordado, porque a procura era tanta, que muitas das construções eram vendidas ainda em projecto, em que nos contratos-promessa era acordado que o apartamento ou moradia só seria entregue um ou dois anos depois.
Foi a "ganância" dos construtores que julgando que este mar de rosas era eterno, não medindo as consequências, e por tal facto, consequentemente, perdoem a redundância, igualmente os proprietários, se começaram a pedir valores exorbitantes, provocando uma sobrevalorização irreal do valor real das propriedades.
Como diz o povo, que a culpa não morre solteira, os bancos também tiveram a sua quota-parte de culpa. Era atribuído empréstimo a qualquer "gato-pingado". Mesmo que na declaração de IRS se apresentasse um rendimento baixo, desde que que entregasse uma declaração da entidade patronal em que auferia um rendimento extraordinário de "x", e como se não bastasse a própria banca pactuar com os fugitivos aos impostos, ainda tentava aliciar os "clientes", com empréstimos extras, em que se conjuntamente contratasse um crédito pessoal para mobílias, carro, férias, etc., teria uma redução percentual na taxa de juro ao crédito para a habitação.
Em finais de dois mil e um a crise económica começa a dar os primeiros sinais de vida, o Governo de Guterres cai e a liderança do Executivo passa para a responsabilidade de Durão Barroso e a sua Ministra das Finanças (Dra. Manuela Ferreira Leite) devido aos grandes abusos, por mais que se alterasse a Lei do "Crédito Bonificado", em que mesma era sempre contornada de modo a se conseguir a benesse, coloca um fim à dita Lei e o mar de rosas tornou-se um oceano de espinhos.
Como da construção civil, dependem directa ou indirectamente todos os outros ramos da actividade, a crise mais depressa se instalou e agravou e os anunciados sinais de retoma continuam a ser uma miragem. A maioria daqueles que adquiriram casas neste período de vacas gordas, hoje, não consegue mais dar conta das despesas, ora com as prestações ao banco, ora porque entretanto com a vigência do novo imposto sobre a habitação aumentou desesperadamente, assim como outros impostos (IVA), que abusivamente, por desespero de causa dos Governos, para fazer face aos seus próprios erros, tomaram de assalto as nossas carteiras, assim como o factor Euro, que desde o seu "nascimento" o preço das nossas compras do dia-a-dia, devido ao simples acerto de cêntimos, a nossa capacidade de compra viu-se reduzida em muitos euros.
A crise tarda em ter um fim e actualmente, não porque deram conta dos seus erros, são os construtores em desespero de causa a baixar o preço das suas "existências", ou famílias como último recurso a "entregar" as suas casas aos seus "agiotas". Infelizmente muita boa gente ainda vive neste sonho em tons de rosa e pede quantias fabulosas por aquilo que é seu.