05 outubro 2005

A DEGRADAÇÃO DO PODER POLÍTICO

“Em vez de atacar candidatos e os eleitores que vão votar neles, porque não se vai directamente ao assunto e se ataca a lei - parte desse tal Estado de Direito - que permite candidaturas de quem foi constituído arguido ou arguida? É um ataque difícil - a presunção da inocência é, afinal, um baluarte indispensável do tal Estado de Direito - e talvez por isso é evitado.”
Miguel Esteves Cardoso, escritor, in DN de 25/09/2005

Infelizmente, a campanha autárquica tem sido uma miséria. Não é daqui, portanto, que virá a salvação da Pátria. Os debates são infantis e manhosos, as promessas tornam-se disparatadas, ajustam-se contas mas ninguém as presta. Municípios e freguesias continuam na posse de partidos, ou fracções destes.
Nuno Rogério, politólogo, in “Sábado” de 23/09/2005

Hoje comemora-se os noventa e cinco anos da implantação da República no nosso país. Mais do que se viver sobre um poder na titularidade de um único homem, que se transmitia de geração em geração, foi a corrupção existente na classe política e burguesa, que levaram ao derrube da monarquia na nossa Pátria.
Este aniversário coincide com um período de campanha política autárquica, em que mais do que nunca, neste regime político, a podridão da política exala um odor irrespirável. Que segundo o Diário de Notícias, cento e vinte e quatro dos trezentos e oito municípios estão sob investigação da Policia Judiciária. Que quatro célebres autarcas, arguidos em processos judiciais ainda não concluídos, sendo que não têm apoio dos seus partidos políticos, concorrem em listas independentes, com a séria possibilidade de vencer.
Com políticos destes, será que a República viverá mais noventa e cinco anos?