ÉS MULHER?
Sou contra os dias determinados para lembrar algo, logo sou contra o dia internacional da mulher. Todos os dias são dias de nos lembrarmos da mulher, não só enquanto ser humano, mas acima de tudo da mulher que é mãe, fonte de vida.
Lembrar da mulher que nasce menina, cresce, e é a irmã, prima, tia, avó, amiga, a namorada, a esposa, a mãe dos filhos, a professora, a colega de trabalho, a empregada que nos trás a comida à mesa no restaurante, a cozinheira (que muitas vezes nem sabemos quem é), a mulher que nos corta o cabelo, a que nos atende por detrás dum qualquer balcão ora de comércio ora dum serviço público ou privado, a polícia, a militar ou apenas a estranha que nos cruzamos simplesmente na estrada e torcemos o pescoço para a olhar de novo.
Lembrar das que ao longo dos séculos foram discriminadas porque não tinham direitos e lembrar de quantas sofreram para que hoje se tenham conseguido que existisse este dia, o direito ao voto, o direito a trabalhar fora de casa, e ser uma herdeira comum como os outros, o direito a viajar sem autorização do marido, o direito a casar que certas profissões impediam.
Lembrar das mulheres que sofrem ainda nos dias de hoje de escravidão, de mutilações, de violência doméstica e das muitas que morrem às mãos de autênticas bestas.
Se porventura fosse a favor do dia de alguma coisa, o dia da mulher deveria ser a 21 de Março. Dia da Primavera, pois a mulher é a primavera da vida de qualquer um de nós. Dia da Poesia, pois a mulher é naturalmente um poema, pena que muitos homens não a saibam ler.
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