Uma cama, um altar
Contemplo a tua presença
Doce Vénus desnuda
Um bloco de folhas brancas
Não desenho o teu corpo
Não pinto a tua imagem
Não modelo a tua alma
Escrevo apenas um poema
Uma ode ao desejo
Os versos que fluem
Interrompes a minha escrita
Beijos no meu corpo a perturbar
Mãos no meu corpo a excitar
Do teu corpo faço um bloco
Escrevo na tua carne
Redijo uma nova página
O livro da tua vida a abrir
Anoto nele este momento
Gravo o meu corpo no teu
Registos para memória futura
Não quero ler as folhas
passadas
Apenas escrever nas folhas
futuras
Carlos Victorini
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