Um Olhar Atento
“Deve-se estar atento às ideias novas que vêm dos outros. Nunca julgar que aquilo em que se acredita é efectivamente a verdade. Fujo da verdade como tudo, porque acho que quem tem a verdade num bolso tem sempre uma inquisição do outro lado pronta para atacar alguém; então livro-me de toda a espécie de poder - isso sobretudo” Agostinho Silva
30 novembro 2013
Está um dia frio e triste. Não apetece sair. Deito-me no
sofá, para ver pela janela a chuva que entretanto vem de visita. Cai forte,
soando nas telhas como uma melodia triste. Os pingos batem cada vez mais fortes
nas telhas, parecendo um pianista revoltado carregando brutalmente nas teclas
dum piano desafinado.
Sinto o corpo adormecer e o meu cérebro a viajar pelo
mundo dos sonhos. Vejo surgir-te no horizonte, vestida com uma capa negra. Vais
aproximando-te de mim, mais do que alguma vez estivemos perto. Contemplava-te
apenas através da minha janela quando te via passar na nossa rua. Nem sequer
trocamos palavras de conveniência, e estavas a um palmo de mim. Deixas cair a
tua capa, e o teu corpo sensual apenas fica coberto por um corpete vermelho que
realça as tuas formas e a tua sensualidade. Sinto as tuas mãos a tocar-me, subindo
palmo a palmo suavemente pelo meu corpo. Sussuras algo doce, sinto os teus
lábios a aproximarem-se dos meios, e desperto com o teu beijo. Oh Tareco,
porque me acordas-te dum sonho tão bom.28 novembro 2013
No silêncio da tua ausência, deito o meu corpo nú, sobre os lençóis que ainda exalam o teu perfume. Fecho os olhos e dou por mim, a sonhar, a reviver os nossos momentos. Na minha mão surge uma vontade súbita de procurar o meu centro de virilidade, julgado ser as tuas mãos pequenas, brancas e delicadas a fazer reacender o meu desejo, acariciando-me de forma ritmada e num ritmo crescente. Passando mil e uma imagens na minha cabeça dos nossos actos voluptuosos e carnais, carregados de amor, senti o meu corpo explodir, almejando que tamanha explosão tivesse sido de novo no interior do teu ser, e que o teu corpo fosse um sacker que misturasse as nossas provas de prazer num prémio do nosso amor.